atirar a pedra ao charco

26 janeiro 2010



Estou a chegar de Portugal.
Mais uma viagem pela air intercity Ryanair de fim de semana. Estou cansado. Não das quase 7h porta a porta de viagem, mas da mudança de mindset sempre que venho de lá.
Em Portugal vou a casa dos meus pais. Na Holanda estou em casa. Sou uma pessoa diferente nos dois lados e não apenas devido às diferenças óbvias dos dois países. Sou feliz por cá, tenho os meus amigos, outras possibilidades, um emprego estável e que me permite ter uma óptima qualidade de vida. Penso mais no presente, em coleccionar experiências para quando sair levar o baú cheio. Apesar de ser um país onde não me vejo a envelhecer, conquistei o meu espaço, ganhei estabilidade e uma forma de ser que tenho medo de perder. Aliás, um sentimento recorrente antes de atirarmos uma pedra ao lago. There is no returning back then...
Quando em Portugal penso mais no meu futuro, encontrar uma princesa aqui para o príncipe pois quase todos os amigos estão pré-casados e vivo quando sempre desenquadrado, como o cool outsider! Na holanda isto não acontece.
Tenho lá a família, caras mais conhecidas, uma vida menos desafogada e mais tempo para os outros que propriamente para mim. Com amigos, basta algum tempo de conversa para eles não entenderem o porquê de querer sair de cá e de ponderar voltar a Portugal. Apenas conheço o caso de um amigo que esteve cá algum tempo e depois regressou à pátria. Esse foi por amor. Todos os outros (e ainda conheço bastantes) não fazem intenções de voltar, e outros apenas o fazem para gozar a reforma.

Mas é incrível o número de pessoas que eu conheço numa situação idêntica à minha. Ficam pelo comodismo, pela curiosidade, pelo medo de arriscar e mantêm um estilo de vida nómado-fixo indefinido. Vão ficando...1, 2, 3, 5 anos and so on...
Mas também conheço o caso de outros que dentro de meses estão prestes a mandar tudo às urtigas e andar pelas américas durante 6 meses e 1 ano, numa última viagem de aventura antes de assentarem. Valentes digo eu - roídinho de inveja.

As pessoas dividem-se entre os que arriscam e têm uma vida pintada a preto ou branco, e aqueles que nao arriscam e acomodam-se numa escala de cinzento, de 70% de felicidade. Dedicam-se exclusivamente à carreira para não terem tempo por ocupar, casam-se não por amor mas para não estarem sozinhos, outros mudam de país, de cidade à procura do entusiasmo da descoberta e aqueles que ficam no mesmo emprego porque é quentinho...
Com um contrato a prazo ou um estágio a terminar a decisão (imposta) seria mais fácil. Eu quero mandar a pedra ao charco, juro que quero, mas isso significa despedir-me e saber para onde apontar baterias. Talvez me falte me a princesa, talvez um desafio profissional verdadeiramente empolgante, talvez parceiros de viagem ou o mais certo é uma cabeçada na parede para atinar!

Não saber o que se quer é uma merda e bebo uma cerveja a isso...

11 comentários:

  1. Unknown disse...
  2. este teu post tem muito por onde se lhe pegar. Quer seja a aprofundar alguns pontos, quer seja a contrariar algumas ideias que colocas. Mas deixo isso para uma conversa e não para um comment :)

    Como comment e sendo muito generalista ao post:
    "Não saber o que se quer é uma merda e bebo uma cerveja a isso...
    " Eu diria que não saber o que fazer e ter essas possibilidades em aberto é uma parte de ser feliz.

    Quanto a parceiro de viagem :D ainda este ano quero ver se combinámos e nos encontramos sem ser em Portugal ou Holanda!

  3. Unknown disse...
  4. isto vai ficar só com comments meus...

    uma proposta/sugestão/provocação:

    Colocar essa tua lista "to do list" publica no blog! Como post ou whatever. Li, algures a fazer zapping na net, que o facto de colocares uma lista dessas online é o suficiente para a fazeres mesmo. Sim. Porque só o facto de teres de vir cá, tornar publico que não fizeste algo é o suficiente para o fazeres! :D

    quero ver se também crio uma e quem sabe temos coisas em comum para fazer já este ano! Vai um salto de paraquedas no Alentejo? :)

    (o google é um poço de sabedoria... ou não)

  5. Presépio no Canal disse...
  6. Mas a pedra tem que ser atirada ja?
    Uma expressao bem velhinha, mas muito certeira.
    "Da tempo ao tempo" (bem sei, que as vezes chateia), mas que as respostas, e por vezes bem inusitadas, chegam quando menos esperamos, olha que e verdade... pelo menos, comigo, tem sido assim...
    Um dia destes, ainda esbarras com a tua princesa em Den Haag ;-) who knows??
    Beijinhos e tudo a correr bem :-)

  7. Gustavo Martins disse...
  8. E porque e' que tens de atirar a pedra ao charco?
    Estas ca bem? Sentes-te em casa? Entao para que queres mudar assim tanto?

    Conheces a minha situacao bem de perto. Eu sou dos que arriscaram sair e por ca "assentaram"... pelo menos por agora. Se nao tivesse "assentado" era provavel que ja estivesse noutro pais.

    Se nao sabes o que fazer, deixa-te ficar. Um dia vais ver claramente o que queres e ai sim, ja sabes para onde apontar baterias.

    Just my 2 cents!

  9. Pedro Teixeira disse...
  10. Porque quero atirar o calhau, se estou bem por cá? É uma pergunta recorrente ao que respondo: amigos, mas eu irei estar bem para onde quer que vá...pode custar um pouco mais nalguns sítios que noutros, mas havendo capacidade de adaptação e flexibilidade será sempre uma questão de tempo. Quanto a dar tempo ao tempo, estou a fazê-lo e para verem o meu “compromisso” vou estar na mesma casa 6 meses...heim? Com contracto e tudo.
    Mas o “ir ficando” não é de mim, e fico irrequieto, just it!

    @Nuno, o simples facto de ter colocado a lista online e pública serve vários propósitos. Lembrar-me que ainda há muita coisa a fazer (tantas vezes me esqueço disso devido à correcia do dia-a-dia), entusiasmar-me conforme vou riscando o que concretizei, partilhar desafios e ainda dar ideias a outros...;)

  11. Maia disse...
  12. Peter Pan,

    Ao ler o teu post, lembrei-me logo de uma música que acenta que nem uma luva ao teu "state of mind"...

    By António Variações, Estou além

    Nao consigo dominar
    Este estado de ansiedade
    A pressa de chegar
    P'ra nao chegar tarde

    Nao sei de que é que eu fujo
    Sera desta solidao
    Mas porque é que eu recuso
    Quem quer dar-me a mao

    Vou continuar a procurar
    A quem eu me quero dar
    Porque até aqui eu só:
    Quero quem quem eu nunca vi
    Porque eu só quero quem
    Quem nao conheci
    Porque eu só quero quem
    Quem eu nunca vi
    Porque eu só quero quem
    Quem nao conheci
    Porque eu só quero quem
    Quem eu nunca vi

    Esta insatisfacao
    Nao consigo compreender
    Sempre esta sensacao
    Que estou a perder

    Tenho pressa de sair
    Quero sentir ao chegar
    Vontade de partir
    P'ra outro lugar

    Vou continuar a procurar
    A minha forma
    O meu lugar
    Porque até aqui eu só:
    Estou bem aonde eu nao estou
    Porque eu só quero ir
    Aonde eu nao vou
    Porque eu só estou bem
    Aonde eu nao estou
    Porque eu só quero ir
    Aonde eu nao vou
    Porque eu só estou bem
    Aonde nao estou
    Estou bem aonde eu nao estou
    Porque eu só quero ir
    Aonde eu nao vou
    Porque eu só estou bem
    Aonde eu nao estou
    Porque eu só quero ir
    Aonde eu nao vou
    Porque eu só estou bem
    Aonde eu nao estou
    Porque eu só quero ir
    Aonde eu nao vou
    Porque eu só estou bem
    Aonde nao estou
    Porque eu só quero ir
    Aonde eu nao vou
    Porque eu só estou bem
    Aonde nao estou

    E agora uma da minha autoria: nem tudo na vida tem que ser complicado.

    Bons voos PP,
    Maia

  13. Patrícia Castro disse...
  14. Que coisa! Seres pensantes e passantes, eu daqui, longe, longe, percebo a tua angústia que é recorrente a mim e a muitos que conheço. Afinal, quem é que sabe qual é a decisão mais acertada? Eu não sei. Vou levando a vida. Ou será que é a vida que me leva? Grande abraço.:)

  15. Unknown disse...
  16. Quem diria que ao procurar uma viagem para Praga, vou encontrar o teu blog. Esta net...
    Como eu te compreendo.... Mas tive uma sorte brutal! A minha vida deu uma cambalhota tão grande e agora sinto-me em casa.
    Amor e carinho é o que tenho recebido e dado. Os meus amigos são realmente a fonte da minha vida. Ajudaram a encontrar-me e finalmente encontrei o caminho que há tanto tinha perdido.
    Espero que tenhas a mesma sorte!

  17. Pedro Teixeira disse...
  18. Amigos são sempre uma fonte de conforto e óptimos a ajudar a redireccionar uma vida. Também acredito estar a caminhar para o meu cantinho quentinho. Praga, do que me foste lembrar Ana :)

  19. _vera_ disse...
  20. Pedro, quando vais a PT com a Rynair de onde e para onde vais (para LX)? O preço compensa, comparativamente com KLM e Tap? Obrigada.

  21. Tia Maria disse...
  22. Pois, eu estou na Holanda e sinto-me um pouco assim, nem cá nem lá.

    Neste momento, sinto-me estrangeiro nos dois sítios, a Holanda desiludiu-me, do mesmo modo que Portugal já me tinha desiludido.

    E da última vez que fui a Portugal, senti-me deslocado, estrangeiro, já não conseguia entender as conversas mesquinhas, as coscovilhices, etc

    Estou a considerar seriamente outras paragens mais a norte.

    Parar é que nunca, cria musgo.

    Cumprimentos